Bolsonaro É Alvo da PF Após Fala Polêmica Sobre Anistia
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Foto: ANSA / Ansa - Brasil |
Moraes Considera Fala Uma Confissão de Crime Contra o STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro confessou uma tentativa de extorsão contra a Justiça brasileira. A declaração foi feita após o ex-presidente condicionar o fim da tarifa de 50% imposta por Donald Trump ao Brasil à sua própria anistia.
Essa avaliação consta na decisão que autorizou uma operação da Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira, 18 de julho, contra Bolsonaro. A partir da decisão, ele passou a cumprir medidas cautelares, incluindo uso de tornozeleira eletrônica e restrições de comunicação.
Inquérito 4995 Aponta Envolvimento de Eduardo Bolsonaro
A investigação, solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), envolve também o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele é acusado de coação, obstrução de investigação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
As ações do filho do ex-presidente nos Estados Unidos, onde teria articulado com membros do governo Trump, são apontadas como tentativa de pressionar instituições brasileiras, especialmente o STF.
Declaração de Bolsonaro Gera Reação no Judiciário
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Foto: ANSA / Ansa - Brasil |
Durante uma coletiva de imprensa no dia anterior à operação, Bolsonaro declarou:
> “Vamos supor que Trump queira a anistia. É muito, se ele pedir isso aí? A anistia é algo privativo do parlamento. Não tem que ninguém ficar ameaçando tornar inconstitucional.”
A fala foi interpretada por Moraes como uma tentativa clara de interferência nos processos judiciais que envolvem o ex-presidente.
Medidas Restritivas: Tornozeleira, Recolhimento e Buscas
Entre as determinações do STF estão:
Uso de tornozeleira eletrônica
Recolhimento domiciliar das 19h às 6h em dias úteis
Recolhimento integral nos fins de semana e feriados
Proibição de uso de redes sociais
Proibição de contato com embaixadores e autoridades estrangeiras
Além disso, a PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão: na residência de Bolsonaro e na sede do PL, ambos em Brasília. Foram apreendidos cerca de US$ 15 mil em espécie, além de um celular e um pendrive encontrado no banheiro.
Suspeita de Contribuição Financeira ao Filho
Na decisão, Moraes também destacou que Bolsonaro teria feito uma transferência de R$ 2 milhões a Eduardo Bolsonaro, o que reforçaria o envolvimento direto nas ações do filho. A atitude foi interpretada como tentativa de interferência no processo judicial e alinhamento com ações que ameaçam a soberania nacional.
Repercussão Política e Jurídica da Decisão
O próprio Bolsonaro declarou, após instalar a tornozeleira, que:
> “Nunca pensei em deixar o País. Todo dólar lá tem recibo do Banco do Brasil. A suspeita é um exagero. Isso é suprema humilhação.”
Mesmo assim, o STF formou maioria para manter as medidas cautelares, com votos dos ministros Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin.
Posicionamento da Defesa e do Partido Liberal
A defesa do ex-presidente afirmou, por meio de nota, que recebeu a decisão com "surpresa e indignação". Alegou ainda que Bolsonaro sempre colaborou com o Judiciário e que apresentará defesa no momento adequado.
O PL (Partido Liberal) também repudiou a operação, classificando a ordem como "desproporcional" e alegando ausência de resistência por parte de Bolsonaro.
Conclusão: Pressão Internacional e Tensão Institucional
O caso reforça a tensão entre o Judiciário e o ex-presidente. A associação entre a anistia parlamentar e a tarifa comercial dos EUA é vista como tentativa de chantagem institucional, algo inédito no cenário político brasileiro.
O processo segue em andamento, com novas diligências previstas pela Polícia Federal e acompanhamento da Procuradoria-Geral da República.
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