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Fechamento da Usina Jatiboca causa crise e demissões em Urucânia
Mais de mil funcionários são dispensados e Justiça intervém para suspender demissões em massa
O fechamento da Usina Jatiboca, em Urucânia (MG), provocou uma crise sem precedentes na economia local. A tradicional produtora de açúcar, álcool e energia anunciou o encerramento de suas atividades, gerando a demissão de mais de mil trabalhadores e forte impacto sobre produtores rurais e municípios vizinhos.
A notícia, confirmada em 22 de outubro, causou revolta após a empresa informar que o pagamento das verbas rescisórias seria parcelado, o que motivou protestos na portaria da usina.
Impacto econômico e social em Urucânia e região
Durante a entressafra, a usina empregava cerca de 1,1 mil funcionários, número que subia para quase 2 mil na safra. Além da geração de empregos diretos, a cadeia produtiva da cana-de-açúcar movimentava toda a economia regional, envolvendo 400 fornecedores e 20% da matéria-prima proveniente de produtores locais.
A produção anual chegava a 1 milhão de sacas de açúcar e 32 milhões de litros de etanol, além da cogeração de energia com o bagaço da cana — fator que consolidava a empresa como pilar econômico da Zona da Mata mineira.
“Desde maio já desconfiávamos que algo não estava certo. A usina vem quebrando devagar, e agora estamos sem receber pelo que vendemos. A cana é nosso principal sustento”, relatou Salvador Batista Campos, trabalhador rural da região.
Pequenos produtores agora enfrentam inadimplência, dívidas agrícolas e incerteza sobre o futuro. Trabalhadores veteranos, como José Afonso, com mais de 40 anos de empresa, também expressaram preocupação com a perda de direitos e aposentadorias.
Sindicato denuncia falta de transparência
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Urucânia (STRU), José Luiz da Anunciação, afirmou que a decisão de fechamento foi tomada sem aviso prévio e que o sindicato só foi comunicado após meses de silêncio da direção da usina.
Segundo ele, a empresa tentou parcelar as verbas rescisórias em até dez vezes, o que gerou forte resistência dos trabalhadores. O sindicato acionou o Ministério Público do Trabalho (MPT) e contou com o apoio da Prefeitura de Urucânia para proteger os direitos dos empregados.
“Todos os trabalhadores precisavam estar cientes. Foi um encaminhamento coletivo para garantir transparência e respeito aos direitos”, afirmou o sindicalista.
Justiça suspende demissões em massa
Após denúncias de dispensas coletivas irregulares, a Justiça do Trabalho concedeu liminar suspendendo as demissões e determinou que a Usina Jatiboca mantenha o pagamento dos salários e encargos durante as negociações com o sindicato.
A decisão também proíbe a venda, remoção ou arrendamento de equipamentos até nova deliberação judicial. O descumprimento da ordem resultará em multa de R$ 100 mil por trabalhador afetado.
Ainda não há definição sobre o futuro da usina, enquanto cresce o temor entre trabalhadores e produtores rurais sobre o impacto econômico e social na região.
Síntese dos principais impactos
| Aspecto | Situação Atual |
|---|---|
| Empregos diretos | 1,1 mil dispensados (chegava a 2 mil na safra) |
| Fornecedores de cana | Cerca de 400 produtores regionais afetados |
| Produção anual | 1 milhão de sacas de açúcar e 32 milhões de litros de etanol |
| Motivo do fechamento | Falta de mão de obra e dificuldades na oferta de matéria-prima |
| Decisão judicial | Suspensão das demissões e proibição de retirada de equipamentos |
| Multa em caso de descumprimento | R$ 100 mil por trabalhador dispensado irregularmente |
Incertezas
O fechamento da Usina Jatiboca representa um dos maiores abalos econômicos recentes da Zona da Mata mineira. A decisão judicial trouxe um respiro momentâneo, mas o futuro da empresa e dos trabalhadores ainda é incerto, exigindo mediação urgente entre empresa, sindicato e autoridades para evitar o colapso de uma cadeia produtiva que sustenta centenas de famílias.
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