PGR Aponta Uso De Codinome Em Trama De Golpe Contra A Democracia
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Foto: Fellipe Sampaio/STF |
Procuradoria Identifica Termo “Churrasco” Em Conversas Entre Aliados De Bolsonaro
A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou, em parecer entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o termo “churrasco” era utilizado como codinome por militares e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em referência à tentativa de golpe de Estado.
A investigação mostra que o código apareceu em conversas entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general Mário Fernandes, apontando um plano articulado para romper a ordem democrática no Brasil.
Comunicação Secreta Entre Militares E Manifestantes
Em 10 de dezembro de 2022, o general Mário Fernandes recebeu uma mensagem do manifestante bolsonarista Rodrigo Yassuo Faria Ikezili, mencionando o “churrasco” de forma cifrada. O pedido era por orientações sobre os atos na Esplanada dos Ministérios.
Posteriormente, no dia 26 de dezembro, o tenente Aparecido Andrade Portela também utilizou o termo em uma conversa com Mauro Cid, questionando se o “churrasco” realmente aconteceria. A PGR aponta que a expressão fazia referência direta aos atos antidemocráticos financiados por empresários ligados ao agronegócio.
Envolvimento Direto De Jair Bolsonaro
Segundo o depoimento de Mauro Cid ao STF, Jair Bolsonaro incentivava ações que visavam a ruptura institucional. Cid também relatou que setores do agronegócio financiaram as mobilizações em frente aos quartéis por todo o país.
De acordo com a PGR, Bolsonaro não foi um mero espectador. O ex-presidente é descrito como o "principal articulador e beneficiário" do plano golpista.
Alegações Finais Entregues Ao STF
O documento de 517 páginas entregue pela PGR nesta segunda-feira, 14 de julho, traz as alegações finais da acusação. Nele, o procurador-geral Paulo Gonet destaca que Bolsonaro:
Liderou e coordenou atos voltados à ruptura da ordem democrática;
Manipulou a máquina pública e os recursos do Estado;
Criou um ambiente propício à radicalização política e ao confronto.
A peça agora será analisada pelos cinco ministros da Primeira Turma do STF, enquanto a defesa dos réus terá espaço para se manifestar.
Crimes Atribuídos A Bolsonaro E Aliados
A PGR imputa ao ex-presidente e a seus aliados os seguintes crimes:
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Golpe de Estado
Organização criminosa armada
Dano qualificado contra patrimônio da União
Deterioração de patrimônio tombado
As penas combinadas podem ultrapassar 17 anos de prisão, de acordo com agravantes identificados na denúncia.
Defesa De Bolsonaro Nega Acusações
Durante depoimento no mês de junho, Bolsonaro negou qualquer participação no planejamento de um golpe. Segundo ele, sempre atuou "dentro das quatro linhas da Constituição", embora tenha admitido “revolta” diante dos resultados das eleições.
Sobre a ausência na cerimônia de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro alegou “vergonha de ser vaiado” como motivo para não passar a faixa presidencial.
A defesa do ex-presidente ainda não se manifestou oficialmente sobre as alegações finais da PGR.
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